Giuseppe Pedersoli, um acaso no cinema

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Giuseppe Pedersoli, um acaso no cinema

  • 30 de novembro, 2020

BRUNA GALVÃO

Como um filme a rodar na bobina, assim é o cinema no sangue de Giuseppe Pedersoli. Nomes imortais e obras atemporais estão registradas na constituição de seu DNA, que no fluxo da corrente sanguínea exibe suas heranças genéticas: Peppino Amato e Carlo Pedersoli, o Bud Spencer.

O cineasta de 59 anos, nascido em Roma um ano após o lançamento de A Doce Vida de Federico Fellini — em 2020 comemora-se o 60º ano desta obra-prima e o Centenário de nascimento de Fellini –, lança no Brasil, dentro da programação do 15º Festival de Cinema Italiano, um filme que é fundamental para se compreender a história da cinematografia italiana a partir de um personagem fundamental e inédito: A Verdade Sobre a Doce Vida, sob o ponto de vista de seu avô, o célebre produtor neorrealista  Peppino Amato.

“O título advém de um projeto escrito pelo meu avô para contar todas as dificuldades sofridas para produzir o filme que se tornou um marco na história do cinema italiano e mundial. Não são as minhas verdades. São as verdades de Amato”, reforça Pedersoli.

Entre outubro de 1958 a fevereiro de 1960, a vida profissional de Peppino Amato tornou-se uma tempestade para a concretização de A Doce Vida, roteiro que, a princípio, não conquistou os investidores internacionais e cujo orçamento de produção superou o valor inicial em mais de quatro vezes. Através de revelações de um sonho e da benção de um padre, Peppino Amato buscou a determinação para produzir o longa que ninguém acreditava no sucesso.

Porém, a obra estrelada por Anita Ekberg e Marcello Mastroianni, campeã de bilheteria em todo mundo, não trouxe o melhor da vida para o seu principal produtor: enquanto o filme era a sensação das salas de cinema da época em todo o mundo, Giuseppe Amato acumulava parte das altas dívidas para a sua realização e logo sofreu seu primeiro infarto.

A Doce Vida não foi nada doce para Amato”, falecido em 1964, aos 64 anos, após sofrer um segundo infarto. “Dizem que foi estresse no trabalho com A Doce Vida que matou o meu avô”, revela seu neto e diretor de A Verdade Sobre a Doce Vida, filme que conseguiu reproduzir os fatos ocorridos nos bastidores da produção da obra-prima de Fellini graças a mais de 150 documentos, dentre cartas e recebidos, que sua mãe, Maria Amato, de 85 anos, guardou com afinco e em segredo por décadas.

A descoberta do material surgiu por acaso em sua família. Assim como, por acaso, Giuseppe Pedersoli percebeu que ele também pertencia ao mundo do cinema. Em uma colaboração para Sergio Leone nas filmagens de Era Uma Vez na América, em 1982,  o então estudante de Direito decidiu abandonar a carreira advocatícia para seguir no mundo da filmografia.

Por acaso também, seu pai, Carlo Pedersoli tornou-se mundialmente conhecido como Bud Spencer aos 37 anos, em 1967, quando passou a atuar em longas do gênero western spaghetti.

O acaso, de vez em quando, faz sua parte no mundo da arte.

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